Conhecer Telheiras

História de Telheiras



TELHEIRAS NA HISTÓRIA - CARACTERIZAÇÃO


Telheiras, pertencente à freguesia do Lumiar, cuja área geográfica compreende 6.282 Km2. Limitada a norte pelo concelho de Odivelas, a nascente pela freguesia da Charneca, a sul pela freguesia do Campo Grande e a poente pela freguesia de Carnide. Telheiras é uma zona marcadamente residencial, cujos residentes pertencem a uma classe social média-alta, com habilitações académicas ao nível da licenciatura. Segundo estudos recentes, Telheiras é a zona de Lisboa onde residem mais licenciados por m2. Esta classe social, encontra-se maioritariamente numa faixa etária compreendida entre os 35 e os 45 anos. Para melhor percebermos como surgiu e que desenvolvimento marcou Telheiras desde tempos mais remotos até à actualidade apresenta-se de seguida um pequeno historial da zona.

TELHEIRAS ATRAVÉS DO TEMPO


O lugar de Telheiras, que se integra na freguesia do Lumiar, assistiu desde o início dos anos oitenta a um impressionante crescimento demográfico e urbanístico, tornando-se uma das maiores e mais recentes zonas residenciais de Lisboa. Devido às suas características específicas, este bairro destaca-se como um todo coerente, em termos de organização espacial e humana. As suas origens remontam à Era Terciária, da qual subsistem fósseis de ostras e outros moluscos, atestando a presença de água salgada submergindo toda esta zona. O Homem habita em Telheiras desde a Pré-História, visto que esta zona era rica em água e, portanto, fértil. Celtas e Lusitanos, adoradores do deus Lug, aqui construíram um povoado que provavelmente deu origem à disposição dos becos, ruelas e plantas das pequenas casas do núcleo antigo, em volta da antiga capela de S. Vicente. Seguiu-se a ocupação romana. É bastante provável que Telheiras tenha sido habitada por romanos; pensa-se até que a igreja do Convento de Nossa Senhora das Portas do Céu, visto estar orientada a Sul, fosse anteriormente um templo romano. O topónimo "Telheiras" tem provavelmente origem romana, mas o documento mais antigo onde o vocábulo aparece citado é a "Segvnda parte da História Eclesiástica dos Bispos e Arcebispos de Lisboa, & dos Sãtos, & Varões Illuftres, que florecerão nefre Arcebifpado", de D. Gilberto. Efectivamente, é a partir da Reconquista de Lisboa aos Muçulmanos em 1147, que começaram a aparecer mais referências ao passado histórico de Telheiras, tendo os reis da 1ª dinastia doado territórios dos limites da cidade aos nobres e ordens religiosas ? militares como recompensa por serviços prestados. Não se sabe em que época se constituiu o actual núcleo populacional de Telheiras, nem quando apareceram as suas numerosas quintas que caracterizam esta zona. Apenas se tem conhecimento de que, do séc. XVIII até à primeira metade do séc. XIX, viviam nesta zona lavradores e assalariados agrícolas a quem chamavam "os saloios de Tilheiras". Este "saloios" trabalhavam nas quintas dos nobres proprietários, entre as quais se destacavam as Quintas de S. Vicente e de Santo António. Estas propriedades de lazer caracterizavam a zona de Telheiras com as suas fachadas de traço rectilíneo e de grande sobriedade, apenas se destacando as molduras de alvenaria dos vãos, das portas, das janelas dos quartos senhoriais e dos portais. Estas quintas de lazer eram caracterizadas por duas partes distintas, sendo a primeira um conjunto de terrenos de cultura, onde se situavam normalmente edifícios rústicos, enquanto que na segunda zona ficavam não só a casa e o jardim do proprietário. Muitas destas quintas setecentistas ocupavam praticamente Telheiras inteira, e deixavam pouquíssimo espaço para a população, sendo esta a razão pela qual Telheiras tinha um número muito limitado de habitantes. Debruçando-nos sobre Telheiras mais recente, verificamos que, até 1960, devido à falta de vias de comunicação e à predominância de ricos proprietários de quintas de recreio e moradias, esta foi uma zona de pouca habitação e desenvolvimento. Na década de 1970 nasceu o actual bairro de Telheiras, que muito recentemente, com o plano Director Municipal de 1967, o qual designava Telheiras como uma zona residencial autónoma a urbanizar, foi alvo de um "boom" de construções diversas, como casas para habitação, escritórios, zonas de lazer, pequenos jardins, etc., rentabilizando-se assim ao máximo os espaços.

TELHEIRAS ANTIGA VS TELHEIRAS NOVA


Pretende-se agora estabelecer uma comparação entre duas zonas distintas de Telheiras. A primeira denominada Telheiras Antiga, a segunda é a chamada de Telheiras Nova. Quanto a Telheiras antiga, localizada a nascente, apresenta edifícios com volumetria menor, cabendo na sua maioria a responsabilidade da construção à Epul ? Empresa Pública de Urbanização de Lisboa e a sua comercialização à Hifen ? Sociedade de Mediação Imobiliária S.A.. Nesta zona a construção regeu-se maioritariamente por níveis de qualidade baixos e áreas pequenas. Na primeira zona, encontramos jardins, enquanto que na segunda estes são inexistentes, embora existam alguns espaços destinados a esse fim, ainda que escassos, que não foram até agora utilizados. A escassez de espaço é característica de Telheiras nova (a poente), onde a construção desenfreada, tem vindo a tomar tais proporções que obrigaram já, em determinadas zonas, à implementação de determinadas restrições. É disso exemplo o condicionamento de tráfego nalgumas vias, que por serem demasiado estreitas para o volume de trânsito existente obrigaram à sua transformação em vias de sentido único, numa tentativa de melhorar a situação de congestionamento. Telheiras antiga é sem dúvida uma zona mais organizada, não só ao nível de espaços verdes e de vias de circulação, como também no que respeita à implementação do comércio local e de serviços. As escolas, contemplando todas as etapas que se desenvolvem desde o infantário até ao nível secundário, estão aqui instaladas. Esta situação já não se verifica em Telheiras nova, facto que não é alheio, certamente, à proximidade física das zonas caracterizadas. Ambas estão contempladas com o serviço público de transportes rodoviários. Contudo, Telheiras antiga usufrui, da rede metropolitana. A Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, situa-se no antigo Solar da Nora, na estrada de Telheiras junto do núcleo histórico de Telheiras, que integra as zonas envolventes da Quinta de S. Vicente e o Convento das Portas do Céu. O novo equipamento, criado no antigo Solar da Nora (casa senhorial do século XVIII), ocupa uma frente de 66 metros na extremidade poente do que resta da antiga Estrada de Telheiras.

BIBLIOGRAFIA


CONSIGLIERI, Carlos, RIBEIRO, Filomena, VARGAS, José Manuel, ABEL, Marília, O Termo de Lisboa, Colecção Pelas Freguesias de Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1993. LEMOS, Fernando A. Andrade, LEMOS, Rita Maria, Telheiras nº 2, Metade do século XVIII. Cadernos Culturais de Telheiras, nº 1 ? Ceilão de Telheiras. DIAS, Maria Tavares, Lisboa Desaparecida, Vol. 3, Quimera Editora, Lisboa 1992. Actas das Secções, I Colóquio Temático, O Município de Lisboa e a Dinâmica Urbana (século XVI ? XX), Padrão dos Descobrimentos, 8 a 11 de Março de 1995. Boletins da Junta de Freguesia do Lumiar, Jul ? Agost 91 / Set ? Out 91.

ENTIDADES CONTACTADAS


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Junta de Freguesia do Lumiar